O início de tudo



Quando minhas dores começaram a se intensificar, eu jamais imaginaria o que me aguardava.

Idas e mais idas ao médico, pedidos de radiografia, ultrassom, e nada aparecia. Foram meses de dor e noites mal dormidas, até que veio o laudo do raio-x que eu havia feito. Ele mostrava um desvio nas vértebras e um leve desgaste. Então, orientados por algumas amigas fisioterapeutas, fomos direto ao fisio, que viu que eu aparentava estar pior do que o aparente desgaste nas vértebras e me encaminhou para um neurocirurgião. Passou-se mais uma semana, as dores continuavam insuportáveis, e finalmente conseguimos ir ao neuro. Ele em dois dias me fez passar por uma tomografia, uma ressonância e por fim, nos deu o diagnóstico.

Quando ouvi a palavra "tumores", e ainda soube que um deles estava me deixando tetraplégico, meu mundo desabou ali. Por que estava acontecendo comigo? Qual tipo de tumor era aquele? Não quero morrer agora! E novamente:

POR QUÊ??

Diante de todas perguntas, choros e soluços, ele nos acolheu, fui acolhido por minha esposa e pude começar a me acalmar e lidar com aquilo.

Ok, tenho um tumor. Não há o que se fazer a não ser o óbvio. Combatê-lo. 

Corremos com toda papelada pra internação no hospital de Ouro Preto e depois foram mais dois dias para conseguir a transferência para BH.

Mesmo já tendo decidido fazer tudo o que tivesse que fazer, muitas vezes o medo falava mais alto até que eu me centrava e dizia que não iria desistir nunca. Entretanto, o que mais me incomodava não era o diagnóstico do câncer em si, mas o da tetraplegia. Depois de não conseguir sequer segurar um copo, comecei a me preparar mentalmente para, na pior das hipóteses, ficar assim para sempre. Pensava em várias formas de tentar readaptar minha rotina a essa possível nova realidade. Foram muitos dias, aliás, foram meses assim. Durante toda minha internação, a gente comemorava cada pequeno avanço, pois tive que reaprender praticamente tudo de novo:

Sentar, escrever, andar, segurar as coisas, enfim, tudo que antes era corriqueiro, passou a ser desafiador.

Pois bem, se é desafio que a vida me proporcionou, aceitei todos eles e me dispus a superá-los um por um. 

Hoje, há quase dois anos em remissão, me sinto em melhor forma do que estava antes do diagnóstico, porque apesar de todo diagnóstico, de todos os desafios que vieram juntos dele, não me deixei abater. Pelos meus filhos, minha família, amigos, e por todos que nos apoiaram e apóiam desde sempre, não permiti que meu diagnóstico fosse a minha sentença.

Hoje, mantenho uma rotina de pedal, enquanto escrevo aqui para vocês. 

Portanto, não importa quantos desafios a vida te proporcione, não se abata, pois a sua vontade em superá-los será determinante. Toda energia canalizada para a cura/superação será revertida em resultados.  

Ou como diria Raul Seixas: "Coragem, coragem. Se o que você quer é aquilo que pensa e faz. Coragem, coragem que eu sei que você pode mais."




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