Enfim o Iron Biker
Após quase um ano de rotina de pedal, pensei: "Beleza, já consigo pedalar aí em média 30km/dia, dá pra tentar alguma coisa no Iron Biker". Bem, em partes eu estava certo: dava pra tentar alguma coisa, mas eu também sabia que o linfoma ainda estava ativo em meu corpo, então não poderia causar nenhum estímulo em meu corpo que pudesse possibilitar uma piora em meu quadro.
Mas o que me animava era quando eu pensava: "Vou participar do Iron Biker!!". Isso me dava uma injeção de ânimo sem igual, então, dentro de todo o possível, mantive a minha rotina diária de pedal, pois esperava que, ao dar continuidade a ela, eu poderia então, obter um melhor resultado na competição.
O pódio era um objetivo? Não, não era. Nunca foi até então, porque eu sabia que estaria em meio a atletas profissionais ali, muitos inclusive, sendo participações recorrentes na competição. E eu... Bem... Eu era um cara que tava ali para provar que, além de superar o câncer, eu também podia superar meus medos e receios. A maior vitória para mim, ali no Iron Biker, era o fato de já estar ali!
Eis que chega o dia da competição. No primeiro dia, dos quase 60km de prova, se eu cheguei a completar 10km foi muito. Eu estava habituado em distância, mas não estava preparado para as elevações das trilhas... Mas então, no primeiro dia, decidi voltar e sair da prova, para no segundo dia, tentar andar um pouco mais. Voltei, encontrei minha esposa. Eu estava super feliz por estar ali. Ela também, depois de tudo que havíamos passado, estava super realizada em me ver participar daquela competição. Então, ficamos por lá um pouco e em seguida viemos pra casa, para então, preparar as coisas para o segundo dia.
Chega o segundo dia, estou super animado. Sei que completar o percurso inteiro, naquele momento, é apenas um desejo, mas fui disposto a dar o meu melhor, diante de todas as circunstâncias.
Antes da largada é, para mim, um dos melhores momentos em competições assim. O rock tocando no talo, o anúncio no som de que falta menos de 1 minuto pra largada, a contagem regressiva... E por fim, todos aqueles competidores largando juntos! A primeira impressão que temos é de que em algum momento vamos esbarrar em alguém, alguns passam a toda velocidade já na largada e mantém o ritmo. Eu fui tranquilo, vendo todo pelotão passando e, aos poucos, fui ficando lá pros últimos, até ser o último de fato (risos), mas isso pra mim não tinha importância alguma. Eu já estava ali! E isso, não tinha preço. Eu já tinha vencido só por estar ali. Nesse dia, me esforcei mais, peguei boas elevações e lidei com elas dentro do meu ritmo, até que, aos 20km de prova, eu já não tava mais aguentando, sabia que não ia suportar muito mais. O carro do resgate já estava por perto. Coloquei a bicicleta nele e voltei junto de outros competidores. Apesar de alguns parecerem amargar um sentimento de derrota, eu me sentia extremamente vitorioso naquele momento. Foram algumas boas horas até chegarmos ao local da chegada. Assim eu encerrei a minha primeira participação em uma competição de Mountain Bike, aliás, assim eu inaugurei a minha participação na maior competição de Mountain Bike da América Latina!
Na chegada, fui surpreendido por minha esposa e um casal de amigos nossos, me aguardando, felizes e comemorando comigo essa vitória.
E quando eu achava que tinha acabado por ali, resolvemos ficar para a premiação. Então, de repente, ouço anunciarem o Troféu Abelha. Esse troféu é uma homenagem a um competidor que era assíduo na competição e, em uma de suas edições, infelizmente veio a óbito, por problemas no coração, e esse troféu é dado em todas edições áqueles atletas que demonstram um espírito de entrega e dedicação ao esporte. E, para minha surpresa, naquela edição, eu tive a honra de receber esse prêmio.
Naquele momento, além da solidariedade de todos os atletas presentes em vibrarem conosco por essa conquista, fiz uma promessa de que eles ainda me veriam no pódio daquela competição, e eu ainda pretendo cumpri-la.
Esse texto, tem por objetivo, além de compartilhar essa experiência, também de agradecer a todos que estiveram ali comigo naquele dia:
Minha esposa: Laura
Nossos amigos: Osmar e Luiza
À equipe do Iron Biker Brasil: Lucas Fonda, Kiria Ribeiro, Rodolfo Simões e ao fotógrafo Thiago Barcelos.
Juliano "Seven" (Seven Bikes) pelo manto de presente e todo apoio dado a nós após o Iron ✊🏻
À equipe do Esporte Espetacular pela reportagem maravilhosa.
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