O início dos tratamentos

Meu tratamento se iniciou já no hospital, se não me engano fiz dois ciclos de quimioterapia lá. É difícil pra mim, ter certeza de tudo porque eu estava sempre sob efeito dos remédios, inclusive a morfina, que cheguei a tomar a cada 2 horas porque as dores eram incapacitantes. Apesar da morfina promover um alívio quase que imediato, isso tinha um preço. Por conta das altas doses de morfina, eu acabava ficando 5/6 dias sem evacuar. E aí vinham com doses e mais doses de laxantes porque eu não podia ficar sem evacuar, mas também não podia ficar sem as medicações pra dor (Tramadol quase não fazia efeito no início).

Após iniciar o tratamento, as dores passaram a ser mais suportáveis, possibilitando que as doses de morfina fossem administradas num espaço maior de tempo, porém, muita coisa ainda precisava ser feita.


(Eu fazendo a primeira quimio ainda no hospital)


Alimentação era um dos desafios lá no hospital, isso porque a comida de lá era intragável. Sério. Pensem na pior comida que vocês já comeram. Agora imaginem ter somente ela à disposição. Pois é. Felizmente tivemos uma rede de apoio muito ampla que às vezes nos enviava algumas comidas, ou então, comia o que vendia na lanchonete do hospital (sanduíches naturais, pães de queijo, picolés, etc.), noutras vezes, me esforçava um pouco mais para digerir a comida no hospital (como podem ver na foto abaixo).


Fisioterapia também era algo difícil de conseguir fazer por lá, pois, sendo um dos  requisitos da alta, a minha mobilidade e maior independência, infelizmente minha esposa teve que brigar muito para conseguir que me atendessem devidamente, pois a previsão deles era de fisioterapia apenas 1 (uma) vez na semana, e por eu estar me recuperando de uma tetraplegia, precisava me esforçar um pouco mais e algumas coisas eu só conseguia com suporte da fisioterapia, pois eu também ainda tinha muito medo, eu estava, de certa forma, também paralisado pelo medo e pela angústia de ver que coisas como segurar um garfo para poder comer, haviam se tornado um desafio. Escrever meu nome? Isso foi algo que levei um bom tempo de fisioterapia e dedicação para voltar a fazer. E com isso, a sensação de impotência e de insignificância era desesperadora.

(Uma das poucas sessões de fisioterapia no hospital)


Foram em média 3 a 4 meses de fisioterapia em casa, fazendo fisio 3 vezes na semana, em média de 30 a 40min de sessão. Felizmente tive um fisioterapeuta que não me deu moleza. Me levava dentro de meus limites, a superar cada vez mais e mais, até que eu pudesse estar restabelecido. E então, em meio às sessões, decidi comprar uma bicicleta ergométrica e perguntei o que ele achava disso. Ele me deu total apoio, e assim, voltei aos poucos a uma prática que sempre gostei. 

Então, ainda durante as quimioterapias, eu estipulei outro compromisso comigo mesmo. Ao menos 1 vez por dia eu iria fazer pelo menos 15 minutos de pedal na minha bicicleta ergométrica. E assim, entre os trancos e barrancos, entre as quimioterapias e a neutropenia, eu seguia fazendo os exercícios necessários para manter meu corpo forte e minha mente sã, dentro de todas as possibilidades.

(Continua amanhã, no próximo post)


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