Os desafios rumo ao Iron Biker Brasil

Quando iniciei minha rotina de pedal, a fim de me preparar para o Iron Biker Brasil, eu também me deparei com algumas dificuldades que eu mesmo me impunha. E isso tudo por quê? Porque eu, enquanto estava acamado, sem locomoção quase nenhuma, fazendo a fisioterapia para me recuperar, pude perceber que algumas dificuldades que eu enfrentava, eram frutos de medos que eu desenvolvi ao longo da internação e tratamento. E, de certa forma, esses medos e limitações acabam por criar uma "zona de conforto" porque à medida em que ia me acostumando às pessoas resolvendo as coisas para mim, apesar do sentimento de incapacidade que me acometia, eu também sabia que tinham pessoas ali que resolviam as coisas caso precisasse. Então eu tive que reconhecer essa situação e fazer o meu melhor para acabar com ela, se eu esperava mesmo sair bem de tudo isso. 

Então, ao começar a pedalar, de imediato, fomos a uma rua plana, larga, porque eu sentia que estava de fato reaprendendo a pedalar, então era bem parecido mesmo com quando a gente vai ensinar uma criança a pedalar. E a cada pedalada, a cada metro percorrido, a sensação de vitória era imensa. E assim fui fazendo, até me sentir seguro pra começar a ir pedalar sozinho, até chegar ao ponto de concluir o desafio virtual de 500km.

Quando completei o desafio, minha medida mais imediata foi me inscrever para a etapa presencial da competição no ano seguinte (2022). Durante esse tempo eu fiz um ciclo inteiro de quimioterapia, e, após o pet-scan, foi constatado que o tumor, apesar de ter sofrido uma redução drástica (de 9,8cm para menos de 5cm), ele ainda estava ativo em meu corpo, portanto, seria necessário mais um ciclo de quimioterapia, então, ao informar aos médicos a minha intenção de participar do Iron Biker Brasil, eles me alertaram para não me esforçar além do que eu suportaria, para não haver nenhuma complicação. Acatei, porque afinal, depois de passar por tudo que havia passado, e ter a chance de participar da maior competição de Mountain Bike da América Latina, eu jamais iria me esforçar mais do que o permitido e necessário. Eu, obviamente não almejava o pódio, não almejava completar a prova inteira (pois, naquela edição, se não me engano, foram 60km de percurso no sábado e outros 65km no domingo) mas ESTAR ali, diante de competidores do mundo inteiro, na presença daqueles que eu assistia em vídeo quando estava internado, e saber que estaria passando pelas mesmas trilhas que eles, já era uma vitória imensa! 

Ali, eu já estava vitorioso!

(Continua...)

(Um pequeno spoiler do post de amanhã)



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