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Gratidão!

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O post de hoje é muito, mas muito especial! E vocês entenderão o por quê.  Há exatos dois anos, eu voltava de uma consulta, trazendo a notícia que tanto esperei para ouvir desde que iniciei o tratamento contra o câncer. A remissão havia chegado! E hoje, exatamente 2 anos após a notícia da remissão, sinto ter cada vez mais motivos para comemorar e ainda mais alegrias para compartilhar com vocês, que me lêem, com os amigos que sempre estiveram ao meu lado, à minha família que nunca me permitiu desistir, e claro, para todos aqueles que sempre torceram por mim, mesmo sem nem me conhecer. A expectativa com a qual vivemos após a remissão, é, em muitos momentos, sufocante, pois ficamos sempre ansiosos a cada exame feito, a cada consulta que passamos, porque sabemos o quão desgastante é todo processo de tratamento e, vislumbrar a mínima chance de passar novamente por tudo aquilo, me deixava, e em alguns momentos ainda deixa desesperado. Esse é um sentimento com o qual sei que irei lidar co...

Algumas reflexões

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Toda vez que me pego pensando em tudo que passei, de cada momento em que estive cara a cara com a possibilidade real de morte, me pergunto: Como pude dar conta de tudo isso? E a resposta não é simples, porque não há uma fórmula mágica para lidar com tudo isso. Quando recebi o diagnóstico, eu me desesperei tanto, que as únicas coisas que eu conseguia pensar eram: eu vou morrer? Mas eu não quero morrer! E agora? O que eu faço? O que vai ser de mim? E meus filhos?  Aquele sentimento de impotência, em saber que estava doente, mas que, diferente de uma doença rotineira, não havia muito que eu pudesse fazer. Na verdade, eu me sentia um inútil porque eu sequer conseguia me mexer. E só sentia dores. Muitas dores.  Eram mais de 20 tumores em meu corpo: virilha, coluna, cabeça, peito... Enfim... Eram tumores espalhados por todo canto! Um deles me deixando tetraplégico... E essa sensação... Não desejo a ninguém. De um dia pro outro (literalmente falando) eu perdi todos os movimentos do m...

Enquanto a cura não é declarada...

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Para declarar a cura, leva em média, 5 anos. Isso contando que não tenha nenhuma recidiva. Caso contrário, a contagem é zerada e voltamos à estaca zero.  Esse é um de meus maiores medos. Entretanto, busco não pensar demais nesse ponto. Se eu decidi, lá no início do tratamento, que essa doença desapareceria do meu corpo tão rápido quanto apareceu, então esse é o meu foco. Mantenho minha rotina de pedal, pois ela me ajuda a desopilar a mente, me faz não pensar nessa doença, mas sim, focar na cura!  E aí é que entra uma das últimas consultas que eu tive. Eu estava fazendo acompanhamento com a equipe de hematologia a cada 2 meses, pois, os dois primeiros anos de remissão são onde costuma ter um maior índice de recidiva, então o acompanhamento nesse momento é mais constante.  Eis que chego pra consulta, a fim de saber do meu transplante autólogo, porque afinal, foi feita a coleta e tals, e eles haviam dito que era um protocolo muito importante para consolidar a remissão. ...

O segundo susto

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Vamos voltar um pouco ao texto onde contei sobre a coleta de medula pro transplante autólogo. Quando internei para o transplante autólogo, lá mesmo no hospital, notei que estava com um linfonodo bem grandinho no pescoço. Quando percebi aquilo, pensei: "Não pode ser. Não. De novo não.", e, durante meu período lá, esse linfonodo não foi investigado. Mas após a internação, na consulta seguinte, relatei ao médico a presença do linfonodo e disse que havia constatado uma infecção em um dente e já havia extraído ele, e que, após isso, notei uma regressão nos linfonodos. Ele apalpou meu pescoço e disse: "Realmente, você tá com um... Dois linfonodos aqui. Vamos agendar uma biópsia.", naquele momento então, me lembrei de que estava com um dente inflamado e perguntei se não poderia ser uma reação, ao que ele disse: "Sim, é possível, mas dado o seu histórico, é melhor investigarmos.".  GELEI! Mas ok, vamos lá. Biópsia marcada, o procedimento seria bem simples, a bióps...

Renascido na Rota da Cura: Gratidão e Superação

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Costumo dizer que a nossa mudança de hábitos vem por dois motivos: por necessidade ou por desespero. E quando eu me vi em uma situação que eu nunca na minha vida, imaginei que passaria, o desespero tomou conta de mim. Eu, que sempre fui bem humorado, brincalhão, etc., naquele momento, me via sem chão, desesperançoso e só conseguia repetir: "Eu não quero morrer!".  Se me perguntarem qual foi a hora mais difícil durante todo o processo, direi sem medo que foi a hora em que recebi o diagnóstico.  Reconhecer que estava com câncer, que as chances de morrer dali em diante eram altas e a possibilidade se tornando cada vez mais real... Esse foi, sem dúvidas, o pior dos momentos! Eu tive medo, muito medo. Medo de morrer e não ver meus filhos crescerem, medo de morrer na mesa de cirurgia, medo de tudo!  "Eu não quero morrer!" Repetir isso tantas vezes quanto necessário foi primordial para que eu, apesar do susto, decidisse não permitir que aquele diagn...

Os desafios agora são outros

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Após o Bike Enduro, me senti extremamente motivado a participar de outras competições. Foi quando descobri o Desafio Entre Serras, e não perdi tempo, fiz logo a minha inscrição.  Perceber essa mudança de: paciente oncológico em tetraplegia, necessitando de cirurgia para reversão, para: paciente oncológico em remissão, praticando um esporte que o salvou e motiva a ser sua melhor versão. Não seria nenhum exagero dizer que o ciclismo salvou minha vida. Salvou, de fato. Voltar a pedalar me trouxe uma rotina mais saudável, uma alimentação melhor e me fez buscar sempre ser melhor a cada dia.  (Eu no Desafio Entre Serras - Acuruí) Então vamos lá. Fiz a inscrição e estava ansioso por saber qual seria o percurso e qual seria a altimetria. Então, a organização lança os dados: 29km de percurso com 977m de altimetria. GELEI!  977m! Essa era, sem sombra de dúvidas, a maior altimetria que eu havia encarado, um medo me consumiu. Medo de não completar a prova, medo de não con...

Na Rota da Cura

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A espera pelo transplante foi bem longa, diga-se de passagem... A coleta foi em setembro de 2023, então, mês após mês, a gente ligava para os médicos da equipe para saber e a resposta era sempre a mesma: "estamos aguardando uma resposta do setor de transplante". Ok, isso vai demorar mais do que o esperado, afinal... E o que fazer enquanto esperamos?  Chorar? Ficar bravo? Não... Vou pedalar! E assim foi... Enquanto aguardava a marcação do transplante, me dediquei ainda mais à prática que me salvou e me trouxe mais disposição e ânimo. Então, já que não adiantava nada ficar nervoso, comecei a traçar novos objetivos. Pedalar pela cidade é algo que amo fazer, principalmente morando aqui em Ouro Preto, então, por que não uma volta ao redor da cidade? Isso me dá aproximadamente 22km de pedal para fazer, mais algumas boas elevações, já que aqui temos tantas ladeiras, não é mesmo?  E assim, depois de alguns bons pedais em volta da cidade, resolvi aumentar a aposta.  Agora, vou faz...

Sobre o Transplante Autólogo de Medula

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Após constatada a remissão, ainda tinha um passo importante a ser seguido no tratamento: o transplante autólogo de medula e estávamos aguardando o hospital ligar para marcarem a minha internação.  Eis que em 12 de setembro de 2023, exatos 3 anos após minha primeira internação para iniciar o tratamento que salvara minha vida, lá estava eu, novamente no mesmo hospital, mas dessa vez, para consolidar a minha remissão e ir rumo à cura.  (12 de setembro de 2020) (12 de setembro de 2023) A internação foi extremamente tranquila, a equipe do hospital era extremamente atenciosa e eficaz, as instalações eram ótimas. Ah, e tudo pelo SUS.  Os primeiros dias foram de preparação para a coleta da medula. Alguns remédios para estimular a produção de células da medula, até chegar o dia da coleta e, próximo dele, inseriram um catéter na minha femural. No dia da coleta, saímos do hospital até o local onde seria realizada a coleta da medula.  (Uma má...

A espera...

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Após minha participação no Iron Biker, sabíamos que ainda tinham algumas etapas a serem vencidas, e como eu ainda estava em tratamento, o nervosismo me dominava diversas vezes, pois a possibilidade da recidiva tava ali, aquele câncer poderia ter sumido do meu corpo, mas também poderia ter crescido novamente e isso me assustava muito.  (Reportagem da revista do Iron Biker) E o nervosismo me dominou até o início de 2023, quando fiz um pet-scan para saber como o tumor havia reagido às quimioterapias... Em março de 2023, veio então uma notícia. Após pegar o resultado do pet-scan e ler o laudo, vimos a seguinte informação:  "Desaparecimento da linfonodomegalia hipermetabólica paracardíaca à direita" E isso tinha um significado MUITO importante: o tumor havia desaparecido  de meu corpo. Aquilo nos aliviou tanto, mas ainda faltava passar pelas consultas de acompanhamento para enfim consolidarem a minha remissão. Essa tão esperada consulta veio acontecer em Junho de 2023 ...

Enfim o Iron Biker

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Após quase um ano de rotina de pedal, pensei: "Beleza, já consigo pedalar aí em média 30km/dia, dá pra tentar alguma coisa no Iron Biker". Bem, em partes eu estava certo: dava pra tentar alguma coisa, mas eu também sabia que o linfoma ainda estava ativo em meu corpo, então não poderia causar nenhum estímulo em meu corpo que pudesse possibilitar uma piora em meu quadro.  Mas o que me animava era quando eu pensava: "Vou participar do Iron Biker!!". Isso me dava uma injeção de ânimo sem igual, então, dentro de todo o possível, mantive a minha rotina diária de pedal, pois esperava que, ao dar continuidade a ela, eu poderia então, obter um melhor resultado na competição.  O pódio era um objetivo? Não, não era. Nunca foi até então, porque eu sabia que estaria em meio a atletas profissionais ali, muitos inclusive, sendo participações recorrentes na competição. E eu... Bem... Eu era um cara que tava ali para provar que, além de superar o câncer, eu também podia superar meus...