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Na Rota da Cura

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A espera pelo transplante foi bem longa, diga-se de passagem... A coleta foi em setembro de 2023, então, mês após mês, a gente ligava para os médicos da equipe para saber e a resposta era sempre a mesma: "estamos aguardando uma resposta do setor de transplante". Ok, isso vai demorar mais do que o esperado, afinal... E o que fazer enquanto esperamos?  Chorar? Ficar bravo? Não... Vou pedalar! E assim foi... Enquanto aguardava a marcação do transplante, me dediquei ainda mais à prática que me salvou e me trouxe mais disposição e ânimo. Então, já que não adiantava nada ficar nervoso, comecei a traçar novos objetivos. Pedalar pela cidade é algo que amo fazer, principalmente morando aqui em Ouro Preto, então, por que não uma volta ao redor da cidade? Isso me dá aproximadamente 22km de pedal para fazer, mais algumas boas elevações, já que aqui temos tantas ladeiras, não é mesmo?  E assim, depois de alguns bons pedais em volta da cidade, resolvi aumentar a aposta.  Agora, vou faz...

Sobre o Transplante Autólogo de Medula

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Após constatada a remissão, ainda tinha um passo importante a ser seguido no tratamento: o transplante autólogo de medula e estávamos aguardando o hospital ligar para marcarem a minha internação.  Eis que em 12 de setembro de 2023, exatos 3 anos após minha primeira internação para iniciar o tratamento que salvara minha vida, lá estava eu, novamente no mesmo hospital, mas dessa vez, para consolidar a minha remissão e ir rumo à cura.  (12 de setembro de 2020) (12 de setembro de 2023) A internação foi extremamente tranquila, a equipe do hospital era extremamente atenciosa e eficaz, as instalações eram ótimas. Ah, e tudo pelo SUS.  Os primeiros dias foram de preparação para a coleta da medula. Alguns remédios para estimular a produção de células da medula, até chegar o dia da coleta e, próximo dele, inseriram um catéter na minha femural. No dia da coleta, saímos do hospital até o local onde seria realizada a coleta da medula.  (Uma má...

A espera...

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Após minha participação no Iron Biker, sabíamos que ainda tinham algumas etapas a serem vencidas, e como eu ainda estava em tratamento, o nervosismo me dominava diversas vezes, pois a possibilidade da recidiva tava ali, aquele câncer poderia ter sumido do meu corpo, mas também poderia ter crescido novamente e isso me assustava muito.  (Reportagem da revista do Iron Biker) E o nervosismo me dominou até o início de 2023, quando fiz um pet-scan para saber como o tumor havia reagido às quimioterapias... Em março de 2023, veio então uma notícia. Após pegar o resultado do pet-scan e ler o laudo, vimos a seguinte informação:  "Desaparecimento da linfonodomegalia hipermetabólica paracardíaca à direita" E isso tinha um significado MUITO importante: o tumor havia desaparecido  de meu corpo. Aquilo nos aliviou tanto, mas ainda faltava passar pelas consultas de acompanhamento para enfim consolidarem a minha remissão. Essa tão esperada consulta veio acontecer em Junho de 2023 ...

Enfim o Iron Biker

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Após quase um ano de rotina de pedal, pensei: "Beleza, já consigo pedalar aí em média 30km/dia, dá pra tentar alguma coisa no Iron Biker". Bem, em partes eu estava certo: dava pra tentar alguma coisa, mas eu também sabia que o linfoma ainda estava ativo em meu corpo, então não poderia causar nenhum estímulo em meu corpo que pudesse possibilitar uma piora em meu quadro.  Mas o que me animava era quando eu pensava: "Vou participar do Iron Biker!!". Isso me dava uma injeção de ânimo sem igual, então, dentro de todo o possível, mantive a minha rotina diária de pedal, pois esperava que, ao dar continuidade a ela, eu poderia então, obter um melhor resultado na competição.  O pódio era um objetivo? Não, não era. Nunca foi até então, porque eu sabia que estaria em meio a atletas profissionais ali, muitos inclusive, sendo participações recorrentes na competição. E eu... Bem... Eu era um cara que tava ali para provar que, além de superar o câncer, eu também podia superar meus...

Os desafios rumo ao Iron Biker Brasil

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Quando iniciei minha rotina de pedal, a fim de me preparar para o Iron Biker Brasil, eu também me deparei com algumas dificuldades que eu mesmo me impunha. E isso tudo por quê? Porque eu, enquanto estava acamado, sem locomoção quase nenhuma, fazendo a fisioterapia para me recuperar, pude perceber que algumas dificuldades que eu enfrentava, eram frutos de medos que eu desenvolvi ao longo da internação e tratamento. E, de certa forma, esses medos e limitações acabam por criar uma "zona de conforto" porque à medida em que ia me acostumando às pessoas resolvendo as coisas para mim, apesar do sentimento de incapacidade que me acometia, eu também sabia que tinham pessoas ali que resolviam as coisas caso precisasse. Então eu tive que reconhecer essa situação e fazer o meu melhor para acabar com ela, se eu esperava mesmo sair bem de tudo isso.  Então, ao começar a pedalar, de imediato, fomos a uma rua plana, larga, porque eu sentia que estava de fato reaprendendo a pedalar, então era...

O início da rotina de exercícios

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Após estipular que teria ao menos 15 minutos de exercícios diários e adquirir minha bicicleta ergométrica, iniciei a rotina de pedalar com bastante ânimo.  A última vez que eu havia pedalado foi em 27 de setembro de 2015, quando fiz um pedal com alguns amigos e, após isso, me acomodei e permiti que o ócio me dominasse. Porém, ao me confrontar após o diagnóstico, com a possibilidade real de morte em algumas situações, vi que deveria começar a me cuidar melhor pois o sucesso do tratamento também estava atrelado aos bons hábitos que eu desenvolvesse a partir de então. E assim eu fiz. Adquiri uns pesos pra perna e fitas elásticas para usar fora dos horários da fisioterapia e, com o apoio da minha esposa, estabeleci uma rotina diária de exercícios, que, em pouco tempo, as crianças também estavam participando. As palavras convencem, mas o exemplo arrasta.  Foi então que, em Março de 2021, precisei internar para fazer um outro protocolo do tratamento, que era o metotrexato, uma medic...

O início dos tratamentos

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Meu tratamento se iniciou já no hospital, se não me engano fiz dois ciclos de quimioterapia lá. É difícil pra mim, ter certeza de tudo porque eu estava sempre sob efeito dos remédios, inclusive a morfina, que cheguei a tomar a cada 2 horas porque as dores eram incapacitantes. Apesar da morfina promover um alívio quase que imediato, isso tinha um preço. Por conta das altas doses de morfina, eu acabava ficando 5/6 dias sem evacuar. E aí vinham com doses e mais doses de laxantes porque eu não podia ficar sem evacuar, mas também não podia ficar sem as medicações pra dor (Tramadol quase não fazia efeito no início). Após iniciar o tratamento, as dores passaram a ser mais suportáveis, possibilitando que as doses de morfina fossem administradas num espaço maior de tempo, porém, muita coisa ainda precisava ser feita. (Eu fazendo a primeira quimio ainda no hospital) Alimentação era um dos desafios lá no hospital, isso porque a comida de lá era intragável. Sério. Pensem na pior comida que vocês ...

A reestruturação

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Antes de tudo começar, eu estava cursando Direito e minha esposa fazia Serviço Social, morávamos em um apartamento com nossos dois filhos mais velhos. Então veio a gravidez do nosso terceiro filho e, após o nascimento dele, morar em apartamento já não era vantajoso. Precisávamos de espaço. Nesse meio tempo eu também passei em um concurso para trabalhar como Agente Comunitário de Saúde. Então, conseguimos finalmente achar uma casa que nos atendesse. Nos mudamos com ajuda de amigos para levar a maior parte das coisas.  Quando já estávamos morando na casa que alugamos, comecei a sentir uma leve dor no peito. Mas como havia mexido com mudança, pensamos ser muscular. Os médicos com quem eu trabalhei sempre trataram como algo muscular também. Perdi as contas de quantas vezes tomei analgésicos e relaxantes musculares. Mas nada funcionava. E assim foi durante mais de um ano. As dorzinhas estavam sempre presentes. Me deram relaxantes musculares, ansiolíticos, mas nada funcionava. Até que, n...

O primeiro susto!

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2 dias após a cirurgia, tive uma queda brusca de oxigenação. Em questão de minutos, tinha uma equipe médica a minha volta. Após uma angiotomografia com contraste, constataram um tromboembolismo pulmonar duplo e infarto no pulmão. Fui conduzido, primeiramente para a VNI (Ventilação Não Invasiva ) e após tentativas frustradas, me encaminharam direto pra CTI. ( Eu na VNI) Naquele momento, cheio de medo, por perceber ali, uma possibilidade real de morrer, conversei com minha esposa e pedi para definirmos ali, o nome de nossa filha. E escolhi Angela*.  Fui encaminhado para a CTI, recebi as doses de ataque do anticoagulante e, por não haver possibilidade de acompanhantes, minha esposa retornou para a casa onde morávamos, em Mariana (a aproximadamente 110km do hospital onde eu estava internado) e os médicos prometeram a ela que dariam o boletim médico todos os dias, se não me engano, por volta das 16h. Eu não me lembro de quase nada da CTI. Sei que tive muitas alucinações nesse período po...

A cirurgia

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(Nosso primeiro ensaio fotográfico após o início de meu tratamento contra o câncer) Vocês estão vendo essa expressão de felicidade e tranquilidade ao lado dos meus filhos? Pois saibam que foi preciso muita luta e superação para que ela fosse possível. Quando recebi o diagnóstico, senti meu mundo desabar. No entanto, ao pensar naquelas três crianças lindas e em Ângela, que estava a caminho, percebi que não poderia desistir. Era preciso fazer o que fosse necessário: quimioterapia, cirurgia e qualquer outro tratamento que surgisse. Sempre tive um medo enorme de cirurgias, e eis que a minha primeira foi justamente para descomprimir a medula e evitar que eu ficasse tetraplégico. "Vamos lá fazer isso, doutor", pensei, tentando me convencer. Chegou o dia e a hora da cirurgia. Eu, com meu colar cervical, sorrindo e brincando, mas, por dentro, morrendo de medo, fui encaminhado para a sala de cirurgia. Enquanto observava todos aqueles aparelhos que antes só via em séries co...